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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bateau Mouche: 20 anos sem solução

O barco afundou há 20 anos deixou 55 mortos e um rastro de impunidade e suposta corrupção.

Na próxima quarta-feira, 31 de dezembro 2008, completa 20 anos da tragédia do Bateau Mouche. O acidente aconteceu nas proximidades da ilha de Cotunduba, aproximadamente 5 km da Praia Vermelha [Urca], no litoral carioca. O Bateau tinha a bordo 153 passageiros e três tripulantes, a capacidade era de apenas 62 passageiros, segundo laudos técnicos. A barco deixou a praia de Botafogo, Rio de Janeiro, com destino a Copacabana. Ao chegar na enseada da Urca, uma lancha da Capitânia dos Portos obrigou o barco a retornar ao cais por transportar acima da sua capacidade. Mas, no cais um sargento da Marinha tomou a decisão de liberar o barco. Às 23h50, mais ou menos a 700 metros da praia Vermelha e a 300m da ilha de Cotunduba, o barco inclinou-se para a esquerda e afunda.

Quem tem culpa ?
O barco pertencia a um grupo de espanhóis e o processo criminal prescreveu antes mesmo da tragédia completar 10 anos, e deixou os outros sete sócios da Itatiaia Turismo, que vendeu os ingressos absolutamente livres pelo juiz Jasmin Simões Costa. Sem nada contra eles, quatro deixaram o Brasil pela porta principal. Os dois sócios menos favorecidos financeiramente, os gerentes do restaurante, que tinham participações na sociedade, o português Álvaro Pereira e o espanhol Fausto Vidal, foram absolvidos em primeira instância porém condenados na segunda estância. Cumpriram 4 meses da pena, em regime semi-aberto, e fugiram com outro condenado por sonegação fiscal para Europa.

Políticos tiram casquinha
Um parente das vítimas foi envolvido por Tancredo Neves a fundar uma associação de parentes das vítimas do naufrágio chamada ” Bateau Mouche Nunca Mais”. Bernardo Amaral, 35, filho da atriz Yara Amaral morta no acidente, e fundador da associação, foi até à Espanha com o então ministro da Justiça Renan Calheiros, cuja intenção seria conseguir junto a então ministra da Espanha, Margarida Mariscal a extradição dos sócios fugitivos.“Foi bom para o ministro que teve a foto dele com a comitiva publicada em todos os jornais além de conhecerem os melhores restaurantes da Espanha”, diz Bernardo Amaral. Sua via crucis segui então para Brasília onde foi falar com o deputado Constituinte Michel Temer. ” O deputado recebeu-o com o slogan ” Como eu posso te ajudar !”. Ficou na frase apenas. Nunca mais se falou no caso. Os prováveis culpados, segundo os espanhóis são os dois mortos > Camilo Faro da Costa e o engenheiro Mário Triller.

Indenizações
Na época, Roberto Vitagliano foi designado defensor público do caso, pelo procurador-geral da defensoria Técio Lins e Silva, afirmou aos parentes das 55 vítimas, que as indenizações sairiam de seis meses um ano, mediante apresentação do atestado de óbito da ocorrência policial. A única vitória dos parentes das vítimas sobre os acusados foi o bloqueio dos bens, mas não da conta corrente. Segundo advogados das vítimas apontam a Justiça Federal como única responsável pela demora nos julgamentos.

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