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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Jackson do Pandeiro - Perfil

O pandeiro está para ele como está a flauta para Altamiro Carrilho ou o violão para Dilermando Reis.
Nascido José Gomes Filho em 31 de agosto de 1919, no antigo Engenho Tanque , Alagoa Grande, Paraíba, e virou Jackson do Pandeiro em Recife, PE. Em sua terra natal era considerada a “Rainha do Brejo”. Por lá, ele teve os rudimentos do coco da mãe, Flora Mourão, e do ambiente musical da região, maracatu, emboladas dos cantadores de feira aos pianos, além dos ritmos afros da Caiana dos Crioulos ao refinamento dos saraus promovidos no Teatro Santa Ignez. Com a morte prematura do pai a família decide partir para Campina Grande, onde Flora, Zé Jack, Severina (Briba) e João (Tinda), traçam um novo desenho para suas vidas, antes fadada ao anônimo infortúnio reservado a milhões de nordestinos: a música mudaria seus destinos. Os anos vividos em Campina Grande e João Pessoa, entre 1930 e 1948, serviram para Jackson aperfeiçoar seu dom natural.

Lá conviveu com outros formatos sonoros e instrumentos musicais. Freqüentando feiras e emissoras de rádio, o então já conhecido Jack do Pandeiro tocou bateria e firmou-se como pandeirista. O Cassino Eldorado, Campina, PB, e a Rádio Tabajara, em João Pessoa, foram suas duas melhores escolas. Descobriu seus dotes cênicos e encarnou o palhaço “Parafuso”, dos pastoris do bairro de Zé Pinheiro. Foi o irreverente “Café”, da dupla “Café com Leite”, inicialmente, formada com o cunhado Zé Lacerda que seria substituído pelo compositor Rosil Cavalcanti.

‘Comadre Sebastiana’
Mesmo antes de gravar um disco ele já era consagrado na região ao participar de uma revista carnavalesca ”A Pisada É Essa” da Rádio Jornal do Comércio, em fevereiro de 1953, cantando o coco “Sebastiana” {Rosil Cavalcanti}. A música foi uma coqueluche, e chamou atenção do então representante da Gravadora Copacabana, Genival Macedo {autor de “Meu Sublime Torrão”}, a propor contrato de exclusividade ao Jackson do Pandeiro, dono de uma voz mito peculiar. Em novembro de 1953, é lançado o primeiro disco e “Forró em Limoeiro”, de Edgar Ferreira, e a já famosa “Sebastiana”, são incluídas na estréia discográfica. No ano de 1954, ao Almira Castilho, futura esposa, ele desembarca no Rio de Janeiro para ficar alguns dias promovendo seu primeiro disco, mas passa meses. Todos queriam conhecer e ouvir o intérprete de “Sebastiana”. São Paulo não queria ficar de fora e também reivindica sua presença assim como outras capitais do país. Então Jackson resolveu morar em um grande centro e se instala no Rio de Janeiro, em 1955.

Volta a cantar nas feiras
Com o advento da Jovem Guarda e da ampliação dos espaços para a música internacional, o rock e o pop, a música nordestina vai perdendo sua força no mercado discográfico nas capitais, mas resistindo fortemente pelo interior do País. Jackson praticamente passou a sobreviver com shows em praças, feiras, circos e outros locais menos glamorosos. Nesse período, ele conseguiu manter, ao lado do radialista Adelzon Alves, um programa só de forró, que ia ao ar nas madrugadas todas as quartas-feiras, na Rádio Globo. O programa atraia uma legião “órfão” musicalmente. Isso contribuiu decisivamente para o fortalecimento de artistas já consolidados como Luiz Gonzaga ou iniciantes. Na época atendia pelo apelido de “O Velho” graças ao respeito que todos tinham por sua figura. Foi por meio de seu apoio, nomes como Antônio Barros, Genival Lacerda, Anastácia, Bezerra da Silva, Elino Julião entre outros conseguem mostrar a arte imortal do Nordeste. O compositor morreu em 10/07/1982, no Rio de Janeiro.

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