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quinta-feira, 3 de maio de 2007

Paneleiras de Vitória: 400 anos de tradição


O único artesanato que não foi alterado em nada ao longo de quatrocentos anos, a panela de barro, cuja tradição herdada dos índios é mantida por mulheres do Espírito Santo.

Mulheres de Vitória, no Espírito Santo, são encarregadas de divulgar e manter intacta uma traddição que já dura quatrocentos anos a confecção da panela de barro. Segundo as artesãs, este foi o único artesanato que não sofreu nenhuma arteração durante todo o período, algo transmitido pelos índios da região. Sua técnica é difundida através de famílias, desde a busca dos materias até sua utilização. O barro é retirado sempre na mesma localidade e, segundo estudiosos do folclore, aquele tipo de barro só existe no Vale do Mutambé, localizado no bairro Joana D'Arc, e em nenhum outro local do País. Em maioria absoluta, às mulheres paneleiras estão também preocupadas com o meio ambiente. Para tingir as panelas é preciso usar casca de madeira retirada no manguezal e, os homens que fazem suas retiradas são orientados e conscientes de que deve ser feito de modo a não afetar à árvore, pois correria o risco de sua extinção, e com isso, todos seriam prejudicados: meio ambiente e artesãs. Após chegar ao galpão, o barro passa por uma limpeza para retiradas de extratos orgânicos visiveis. A partir daí se inicia a confecção da mais conhecida panela de barro brasileira, que é exportada para alguns países e compradas por outros tanto dos estados brasieliros. Como garantia, a Associação das Paneleiras de Goiabeiras juntamente com a Prefeitura Municipal de Vitória desenvolveram um selo de autenticidade, protegendo-se das imitações que aumentaram após interesse da mídia pelo produto.

Uma receita de 4 séculos

Sem dúvida a panela é uma das maiores expressões da cultura popular do Espírito Santo. Sua origem vem das tribos indígenas que habitaram o litoral do Estado. Toda técnica de fconstrução e estrutura social das artesãs pouco foi alterada. Graças a este trabalho artesanal e fidelidade das paneleiras sempre garantiu a sobrevivência econômica de suas famílias, além de suas tradições. No início, todo o trabalho era de cunho bem familiar. As panelas eram feitas nos quintais das moradas das paneleiras. Com a criação da Associação das Paneleiras e ações da Prefeitura, foi construído um galpão onde é concentrada toda produção. Ou seja, as panelas de barro são o principal elemento cultural na elaboração de pratos típicos da culinária capixaba, por exemplo a moqueca capixaba, garoupa salgada com banana da terra e outros. O trabalho das paneleiras é constante e todas as peças produzidas são vendidas à população da Grande Vitória e aos turistas, lojas de artesanatos e em postos de informações turísticas.

Criação da panela

O processo de confecção da panela é a técnica de modelagem, que é aplicada a partir de uma bola de barro, e com uma coité [concha de coco] rolada em movimentos circulares vai dando formas à panela. Com uma faca retiram o excesso de barro nas beiradas. Após formatada, a panela passa para outra fase de acabamento; com uma pedra de "rio" as artesãs vão alisando tanto por dentro quanto por fora até que fique sua superfície bem lisa. Já com a peça totalmente modelada é levada ao ar livre para secar. A partir daí, reúnem toda sua produção e queimam-na. A etapa final é o tingiemnto. Com as peças ainda quentes, recebem o tingimento na superfície feito com a casca da árvore do mangue - “Rhizophora mangle” - dando coloração escura às peças. Para melhor durabilidade de sua panela, as paneleiras aconselham uma segunda queima, ou seja, deve ser colocado dentro da panela 2 colheres de óleo de cozinha, de preferência oliva, levando-a ao fogo. O óleo queimará e, quando a fumaça começar a ficar preta, o fogo deve ser apagado. A segunda queima "é para que não haja interferência dos produtos usados na feitura da panela no sabor da comida", explicam. Mais informações> (0**27) 3327-0519.

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