sexta-feira, 13 de abril de 2007
IBERÊ CAMARGO: UM ESBOÇO AUTOBIOGRÁFICO
Nascido em 18 de novembro de 1914, no Rio Grande do Sul, em Restinga Seca, filho de um agente da Estação da Viação Férrea, Adelino Alves de Camargo e Doralice Bassani de Camargo, também ferroviária. Começou a desenhar com quatro anos de idade. Sentado no chão, debaixo da mesa, passava horas a fio a rabiscar. Para aquele menino, Iberê, o seu mundo se resumia apenas em Restinga Seca e a estação da Viação Férrea do Estado, a caixa d'água; a sanga; o rancho da Buá. São permanentes lembranças e imagens como de um livro de viagem. Em 1919 ou 1920, seus pais foram removidos para Jaguari, onde viveu até a idade de 8 anos. Desse período são as lembranças dos amigos dos folguedos. Em 1922, mais uma vêz seus pais foram removidos para Canela. Lá não havia colégio, Iberê Camargo fora interno em Cacequi, depois em Santa Maria. Já em 1927, na Escola de Artes e Ofícios, então morando com a avó Chiquinha no bairro de Itararé, começou o aprendizado de pintura. A princípio com o professor Frederico Lobe (1927), depois com o professor Salvador Parlagrecco, um pintor paisagista, um durão. O aprendizado consistia em copiar estampas tiradas de revistas. Ele não queria somente copiar, então passou a desenhá-lo marcando os contornos das luzes e das sombras. Mas foi ai que e com a rispidez de Parlagrecco que ele fêz um desenho e uma escultura, cujo aprendizado educou-lhe a mão e a visão.
Um préssagio
O espírito, o veio artístico se manifestara no menino Iberê Camargo, no fim do ano, a quase totalidade dos trabalhos expostos na escola eram de sua autoria. Destes trabalhos restam apenas um óleo e três desenhos a creiom, que foram recolhidos por seu amigo de infância Edmundo Cardoso, dentre os salvados do incêndio que consumiu o acervo da escola. "Assim vais ganhar o prêmio de viagem à Europa", disse Parlagrecco acariciando-lhe a cabeça. Manifestava pela primeira vêz o entusiasmo pelos progressos de seu aluno. Pelos trabalhos expostos, Deram-lhe um prêmio de 50 mil réis e a promessa de uma viagem ao Rio, que não se realizou. Iberê teve de deixar a Escola de Artes e Ofícios devido a desentendimento com o professor de Letras, um marista. Trasferindo-se para o Ginásio de Santa Maria, com outros propósitos. Renunciava assim a carreira de artista. Ao abandonar o ginásio, causou uma grande tristeza ao seu pai, que queria ver-lhe um doutor. Para ele era o fim de um sonho. Por várias vezes seu abraçava-lhe e dizia com voz carregada de emoção: "Meu filho, estuda, estuda. Quero que sejas um grande homem". A partir de então, passou a viver embalado pelas promessas de um emprego na Viação Férrea, meta da maioria dos filhos de ferroviários. Segundo Iberê Camargo, um dia encontrou um andarilho, de barbas e cabelos longos, como são os personagens dos contos para criança, que, avançando para ele, tomando-lhe das mãos, começou a dizer a altos brados: "Meu filho, tu és um grande artista, o mundo falará de ti!". A tentativa de acalmá-lo só o excitva mais e fazê-lo repetir, agora, com mais veemência". Iberê Camargo faleceu em agosto de 1994. [Francisco Martins]
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