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domingo, 11 de março de 2007

Detanico & Lain: Ano Zero


Ângela Detanico e Rafael Lain, artistas de Caxias do Sul, traduzem texto em imagem e refletem sobre o tempo e o movimento e suas relações com o espaço físico.

Uma constelação de círculos de acrílico ocupa o térreo da Galeria Vermelho em São Paulo. São letras de um alfabeto criado por Ângela Detanico e Rafael Lain, artistas de Caxias do Sul juntos no coletivo Detanico & Lain, que vão representar o Brasil na Bienal de Veneza em junho e acabam de inaugurar a primeira exposição individual no Brasil. Na mostra Ano Zero, que abre nesta terça-feira, 27 de fevereiro, para convidados e vai até 24 de março, os artistas apresentam obras inéditas e outros trabalhos que retomam a pesquisa estética da dupla. Morando em Paris, Detanico & Lain são mais conhecidos no circuito internacional do que no Brasil, mas o estudo de tipos e a desconstrução da linguagem típicos de suas obras fazem sentido universal. Eles traduzem texto em imagem e refletem sobre o tempo e o movimento e suas relações com o espaço físico, derivando de convenções já conhecidas para criar novas formas de percepção. Na obra Nomes das Estrelas, que ocupa quase todo o primeiro andar da galeria, escrevem com a fonte Helvetica Concentrated, trabalho de 2004 desenvolvido em parceria com o artista tcheco Jiri Skala, os nomes de 22 astros. Cada letra concentra toda a matéria num único ponto, reduzindo todo o alfabeto latino a círculos de dimensões que variam de acordo com o volume. Esse alfabeto de círculos, que então ganha o peso das constelações, serve como primeiro capítulo na cartilha de reorganização espacial que orienta a obra de Detanico & Lain. Os artistas enxergam movimento onde não há e isolam pigmentos para criar, a partir de um momento congelado, uma sucessão de variações cromáticas. Certa inquietação leva sempre à implosão da forma primária, do ponto de partida. Em Broken Morse, também no segundo andar, a tela Gallery of the Louvre de Samuel Morse, é esfacelada em 256 momentos monocromáticos, cada um mostrando os pixels da mesma cor numa seqüência que esmiúça no tempo a tela do artista inventor do telégrafo. São doses instantâneas e isoladas de cor em sucessão numa animação inédita. Os artistas representarão o Brasil na Bienal de Veneza.

SERVIÇO

Ano Zero
de Ângela Detanico e Rafael Lain
de 27 de fevereiro a 24 de março
de terças a sextas, das 10h às 19h, e sábados, das 11h às 17h
Galeria Vermelho - Rua Minas Gerais, 350 - São Paulo - SP
(11) 3257 2033
www.galeriavermelho.com.br

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