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terça-feira, 16 de maio de 2006

Terminaram os motins nas prisões de São Paulo

Os motins nas prisões do estado de São Paulo terminaram ontem à noite com a libertação de 244 reféns. Apesar de negarem, há indícios de acordo entre autoridades e o PCC.

As autoridades pauliststas insistem que não houve incidentes nem vítimas e que a libertação foi conseguida depois de um longo período de negociações com os amotinados. Mas tudo indica que foi graças ao acordo feito com o PCC que os motins e ataques terminaram. A ofensiva do crime organizado contra a polícia e o sistema penitenciário do estado de São Paulo, que causou 81 mortos, a maior parte dos quais polícias, teve início na sexta-feira, 12, sábado, domingo e na segunda-feira continuou a demonstração de força do crime organizado com ataques a bancos e a viaturas policiais. Em 73 dos 144 estabelecimentos prisionais do estado de São Paulo, foram lançados pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) depois da transferência de 165 detidos para uma prisão de segurança máxima.

De acordo com o Gabinete de Imprensa do Estado de São Paulo, entre os mortos estão quatro civis e 38 criminosos e ficaram feridas 48 pessoas, entre as quais 33 agentes das forças de segurança. A polícia deteve 91 criminosos. Pela primeira vez, o crime organizado atacou
alvos civis: 56 viaturas foram incendiadas na noite de domingo para segunda-feira e oito agências bancárias atingidas a tiro. Ontem, várias empresas de transportes decidiram suspender algumas das suas carreiras habituais por causa destes incidentes, deixando milhares de pessoas sem meios de transporte. Uma estação de metro também foi palco de um tiroteio.Também ontem, segunda-feira,15, os paulistanos retornaram do trabalho num clima de medo alimentado por rumores de mais ataques. O ministro da Justiça, Marcio Thomaz, ofereceu ontem mais uma vez a ajuda do Governo central ao estado de São Paulo no decorrer de uma reunião com o governador Claudio Lembo, que rejeitou qualquer intervenção federal.

QUEM É O PCC ?

PCC, o gang que nasceu na prisão O Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que estará por trás da onda de violência em São Paulo e das revoltas nas prisões, foi criado por oito reclusos, em 1993, no Centro de Reabilitação Penitenciária de Taubaté (130 ] quilômetros de São Paulo), local para onde eram transferidos os mais indisciplinados - os que matavam nas prisões ou lideravam motins. Os seus membros alegavam que o PCC tinha nascido para "combater a opressão dentro do sistema prisional paulista" e para "vingar" o massacre de 111 reclusos em 1992, na monumental prisão de Carandiru. Segundo fontes, membros do PCC devem pagar uma contribuição mensal. Quando não cumprem e contraem dívidas são convocados para praticar ataques como os dos últimos dias - caso contrário, são ameaçados de morte, com os seus familiares. Calcula-se que cerca de 100 mil reclusos no estado de São Paulo sejam membros activos do grupo. Oito líderes do PCC - incluindo o seu suposto chefe máximo, Marcos Willians Herbas Camacho, 38 anos, conhecido como Marcola e detido por assalto a bancos - estão entre os 765 prisioneiros transferidos na quinta-feira para uma prisão de alta segurança, o que terá desencadeado os acontecimentos dos últimos três dias. [Francisco Martins]
Foto: www.bbc.co.uk

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