Uma pesquisa realizada pelo historiador Délio Freire dos Santos [morto em 2002] revela o interesse pelas visitas aos cemitérios, algo comum na Europa.
O Projeto Arte Tumular - da prefeitura de São Paulo, foi idealizado para apresentar aos paulistanos os cemitérios antigos de São Paulo, aqueles que ainda conservam acervos artísticos e históricos provenientes de épocas em que ainda era uma cidade muito diferente da São Paulo que se conhece hoje. Assim como os casarões, os cemitérios,, teatros, linhas férreas e monumentos construídos em meados do século XIX e início do XX , são testemunhas da história social da Pauliceia de antanho.
Naquela época, a cultura do ouro verde, como era chamado o café, proporcionava vida opulenta a famílias que aqui se instalavam, vindas do interior do Estado e também de outros países em busca de novas possibilidades de trabalho ou para ampliação dos negócios e de suas fortunas, que traduzia o ideal de vida da elite paulistana, influenciada pela Bella Époque, hábitos parisienses, de forma que o afrancesamento e a europeização da arquitetura, festas, moda e convenções e também dos sepultamentos e ornamento dos túmulos conferiam à sociedade paulistana o ar cosmopolita, moderno e intelectual tão almejado. Os "campos Santos", como eram chamados os cemitérios, em meados do século XIX já substituíam as igrejas na prática de sepultamentos.
Não aos sepultamentos nas igrejas
A prática de sepultamentos em igrejas sempre foi muito contestada por médicos e sanitaristas na secunda década de 20. Influenciados pelas idéias positivistas e pelo iluminismo, estes, denominados de homens de letras entre os quais Líbero Badaró foram importantes colaboradores no debate acalorado em São Paulo, neste período, defendendo o fim dos sepultamentos nas igrejas por considerarem esta pratica nociva à saúde pública. Por este motivo, no ano de 1856 a Assembléia Legislativa Providencial de São Paulo aprovou o Primeiro Regulamento para os cemitérios da cidade de São Paulo. Cuja medida provocou vários protestos entre os praticantes do cristianismo que já tinham incorporado a tradição do sepultamento nas igrejas. Não adiantaram de nada os protestos, o regulamento passou a ser seguido. Em agosto de 1858, surgiu o Cemitério Municipal, que logo passaria ser chamado de Cemitério da Consolação. Localizado nos arrabaldes da cidade era condição ideal e dava garantia de salubridade na área urbana, na época, restrita á região que atualmente corresponde ao centro velho - ruas Direita, Quinze de Novembro e São Bento.
Perfil dos sepultados
No cemitério da Consolação, logo nos seus primeiros anos, eram sepultadas pessoas de todas as classes sociais: desde escravos e seus senhores, agregados, homens abastados e pobres e estrangeiros. Com a virada do século, o perfil dos sepultados passou a mudar, juntamente com os hábitos da população, que já se modificara, principalmente da elite afortunada. A tese era de que aquele que realizou em vida atividades de relevância para a sociedade, que contribuiu para à cidade, deveria ter uma morada à altura de sua importância social. Por este motivo as famílias e os amigos, a partir da primeira década do século XX, recorriam aos serviços de construtores e escultores de renome, sendo em sua maioria de origem italiana ou com formação na Europa, como Victor Brecheret, Luigi Brizzolara, Galileo Emendabili, entre outros, para construírem e ornamentarem os túmulos das ilustres personalidades. Esses jazigos [túmulos] ricamente ornamentados ou mesmo aqueles despojados testemunham fatos de real importância da história social de São Paulo e do Brasil. Revelam para conhecimento os representantes da vida política e cultural, seus feitos e a repercussão na cidade.
Museu ao ar livre
O cemitério da Consolação pode-se dizer que é um museu a céu aberto.Túmulos de personalidades como Monteiro Lobato, Ramos de Azevedo, Tarsila do Amaral, José Bonifácio de Andrada e Silva {o Patriarca da Independência}, Antoninho da Rocha Marmo, Mário e Oswald de Andrade, e mais dezenas de obras de arte de escultores do século passado como Victor Brecheret, entre outros. Ou seja, os amantes das artes plásticas, da história, da política, da música, das artes cênicas, da literatura e do turismo encontrarão nas necrópoles antigas surpresas e muitos motivos para deleite, assim como ocorre em grande cidades do mundo. O Serviço Funerário instituiu a visita monitorada aos túmulos de personalidades ilustres e às obras de arte tumular do cemitério da Consolação. O público alvo são estudantes, professores, pesquisadores, turistas, entre outros. É disponibilizado um monitor para dar informações sobre as obras de arte e a história de cada uma das personalidades sepultadas. (Matéria gentilmente cedida por: Francisco Martins).
Visitas monitoradas
(11) 3247-7058 (Assessoria de Imprensa).
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