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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O garçom que queria ser advogado

'Advogado', informante militar, quase pioneiro do dia do "pendura" morreu sem realizar sua obsessão.


Hipólito de Menezes nasceu em 26 de dezembro de 1938, em João Pessoa, Paraíba. Desde criança, seu sonho era cursar uma faculdade de Direito. Queri Porém, sua obsessão era a o ser bacharel pela Faculdade do Largo de São Francisco, a tradicional Arcadas, localizada na região centra de São Paulo. Ao completar 20 anos  Menezes fez suas trouxas e partiu para capital paulistana. Lá chegando, foi trabalhar próximo da faculdade, no Restaurante do Papai, na Praça da Sé, como garçom. Menezes aproveitava para visitar o prédio diariamente. Fez amizade com muitos estudantes e além de participar do dia do "Pendura" nos restaurantes, em 11 de agosto. Como garçom, ele dava a dica dos restaurantes mais acessíveis para o 'estelionato estudantil'.

Como em um passe de mágica, ele tinha carteirinha de estudantes das Arcadas e privava da amizade dos professores. Sujeito inteligente, boa cultura, chegou a ser orador de várias manifestações organizadas pelos estudantes da faculdade. Apesar de não cursar à faculdade, sempre andava com um livro jurídico debaixo do braço. Principalmente, livros de Pontes de Miranda. Não que ele conseguiu uma vaga, como advogado, nos escritórios de Waldemar Ferreira e de Paulo Manoel da Costa. A farsa durou pouco mais de um ano. Descoberto, foi demitido sumariamente. Sujeito sonso, bem humorado, era elogiado por suas façanhas, principalmente na região onde morava à Rua Helena Zerrener, um treme-treme da Baixada do Glicério. Seu apartamento era cheio de livros e de pombas, algo que lhe valeu o apelido de 'Marquês de Pombal', pois saia na rua sempre com uma pombinha no ombro.

Com idade avançada ele via sua chance de cursar a faculdade cada vez mais distante. As doenças começaram a aparecer, ele virou um hipocondríaco, raquitico. Já na década de 60, Hipólito, um direitista, viu que na advocacia sua chance era mínima. Então, mudou de tática e passou a colaborar, melhor, foi ser dede-duro. Passou a entregar estudantes esquerdistas ao Deops (Departamento de Ordem Social). Também teria colaborado com um importante jornalista de direita radical. No quartel de Paraibuna recebeu recebeu instruções táticas. Lá, ele ouviu o nome e a periculosidade que Dilma Rousseff, melhor Vera - era capaz. Assim, ele tornou-se amigo intimo de militares de altas patentes. Em resumo, ele não conseguiu cursar a Arcada.

Hipólito de Menezes morreu sozinho em seu apartamento de hepatite crônica, em 12 de março de 1989. Mas, segundo o zelador, a morte dele foi causada por 'pombalites', causadas por fezes de pombos. (Francisco Martins). 

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