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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

FARNESE DE ANDRADE

Medo, angústia, espanto e tristeza são alguns dos sentimentos despertos quando se está diante de uma obra do pintor, desenhista, escultor e gravurista Farnese de Andrade.

Mineiro de Araguari, Farnese ganhou inúmeros prêmios com seus desenhos e gravuras, mas nunca teve o devido reconhecimento enquanto vivo. Sua morte aos 70 anos, em 1996, mal foi noticiada pelos jornais. Poucas galerias e museus se interessaram em mostrar o universo contundente deste artista, até que o historiador Charles Cosac, fundador da editora Cosac & Naify e amigo de Farnese, resolvesse lançar um livro com 342 imagens das obras do artista e texto do crítico Rodrigo Naves. Houve, então, uma retomada de interesse pela produção do artista mineiro e começaram a surgir algumas exposições recuperando a obra de Farnese, mas nenhuma tão grande e que desse tanto espaço aos objetos criados por ele e apresentado na exposição que desde o dia 16 está Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo após ser vista no Rio de Janeiro. São 125 objetos espalhados por cinco salas e pelo pátio da instituição. A seleção de obras foi feita pelos curadores Charles Cosac e Jô Frazão, que também participou da pesquisa e seleção das obras para o livro sobre Farnese, lançado em 2002. "A escolha das obras para a exposição no CCBB foi feita quase toda em cima do livro. Acrescentamos algumas inéditas, que nunca foram expostas, como é o caso das obras da coleção de Ricardo Cravo Albin (jornalista e pesquisador) e de Ana Letícia (artista plástica)", explica a co-curadora e historiadora Jô Frazão. Farnese de Andrade iniciou sua carreira, em 1945, como aluno do pintor Guignard (1896-1962).





Após se dedicar ao desenho e à gravura, passou a realizar, a partir de 1964, as grandes assemblages, objetos em que juntava diversos elementos, como oratórios, fotografias e detritos que recolhia pelos antiquários e pelas praias do Rio de Janeiro, para onde se mudou, em 1948, em busca de tratamento de uma tuberculose. Em depoimentos, Farnese dizia que essa atividade, no início, funcionava como uma terapia ocupacional. Depois, tornou-se sistemática e com o perfil de uma pesquisa organizada. Foi então que o lixo praiano e da rua, como conchas, madeira, oferendas de macumbas, imagens de santos, objetos plásticos, bonecas, entre outros passaram a ser a matéria-prima de suas obras.

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