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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

São Paulo: a cultura é uma panelinha de amigos

" Quem não tem acesso ao gabinete do governador, tem de se virara", diz Sérgio Carvalho diretor da Cia do Latão.

Panelinhas, corrupção e o queisto QI, quem indica - todo mundo sabe que é moeda de troca nas Secretarias de Cultura tanto do Estado quanto do município de São Paulo. Somente os secretários, prefeito e governador não sabem [ou NUNKASSAB] ou fingem não saber. Não é de hoje que cada vez mais um grupelho de artistas, músicos e fotógrafos desfrutam das Leis de incentivo à cultura dos município e do Estado enquanto outros batem as portas, quase sempre fechadas, de empresas privadas, após várias tentativas e encaminhamento de projetos via e-mail ou em papel para os organismos da cultura, que sempre resultam em 'Não temos dinheiro'. Quando se percebe, uma pequena fortuna é gasta com artista amigo, que nem sempre é qualitativo. Nos últimos anos às instituições culturais brasileiras, em geral - incluindo a gestão de Gilberto Gil frente ao ministério da Cultura -, bateram todos os recordes. Nunca se tinha percebido tamanha corrupção e paternalismo com os amigos e amigos de gabinete. Algo precisa mudar, se quisermos algum dia ter um país legítimo, correto dando chances para aqueles que realmente precisam.

Enquanto os supostos Centros culturais como o Banco do Brasil [SP] gasta algo em torno de R$ 900 mil; Centro Cultural da Caixa Federal [SP] R$ 680 mil e a Pinacoteca chega a gastar até R$ 600 mil com exposições de um único artista respectivamente, outros penam com suas pastinhas debaixo do braço ou enviando projetos para departamentos públicos ou para galerias tão comprometida quanto os organismos públicos. Os editais apenas dão veracidade aos projetos de amigos da patotinha da corrupção cultural, pois os escolhidos já são sabidos, desde o curador ao artista. Ao lado do nome do escolhido conta um ‘X’ indicando o escolhido. Pessoas se prestam a isso. Ratificando não um pensamento, mas a realidade dos artistas brasileiros: artistas plásticos, fotógrafos ou teatral nenhum está contente com o tratamento desonesto que recebem das secretarias que insistem em escolher projetos através de carta de apresentação encaminhada por um político ou por amigo do amigo do suposto programador cultural. A Galeria Olido, o Centro Cultural São Paulo, ambos do município paulistano, são espaços disputados pelos amigos dos amigos do gabinete do prefeito e do secretário de Cultura.

Dias: o Bansky do país errado

Na Folha de São Paulo de segunda-feira, 11 de agosto, dois artistas engrossaram o coro dos descontentes. Na coluna de Mônica Bergamo, o artista plástico Peter Brito, criador da personagem Darcy Dias, uma ricaça e garota-propaganda da ‘Chanal’, que critica o consumo abusivo do luxo no país. Perguntado pela colunista se foi difícil arranjar espaço para expor seus trabalhos ele responde " É difícil trabalhar com arte em São Paulo. São grupinhos fechados. Ele acrescenta também que já tentou expor nas galerias Vermelho, Virgílio e triângulo sem sucesso". O artista enviou projetos e esteve pessoalmente nas galerias e ouviu dos proprietários: Seu trabalho é muito bom mas não é vendável". O artista é capa de revistas como Brabo, Vogui [não Vogue], Doidas e outras. Dias é uma espécie de Bansky identificado. Bansky é um artista inglês que jamais mostrou a cara e seus trabalhos são expostos em locais conceituados da Europa, sem precisar de QI.
CIA DO LATÃO
" Quem não tem acesso ao gabinete do governador, tem de se virar", diz Sérgio Carvalho diretor e fundador da Cia do Latão. O grupo teatral tem 11 anos de existência e faz um estilo de teatro 'político- dialético'. A afirmação de Sérgio está também na edição de segunda-feira,11, da Folha de São Paulo, página E4. Durante onze anos de criação o grupo sempre teve de 'se virar' para levar várias peças autorais ao palco, sendo 7 delas autoria de Sérgio Carvalho, Márcio Marciano entre outros. A Editora Cosac Nayf lança um livro [ livro lançado dia 12 no Sesc Pompéia - São Paulo] contando parte da história da Cia do Latão e textos como 'O Nome do Sujeito', 'A Comédia do Trabalho' [2000], 'Autos dos Bons Tratos' [2002], e Ensaio para Danton [ 1996] entre outros. Tão autorais quanto os textos são as formas que o grupo busca na fora de representar. Ou seja, eles não fazem o teatro elitista. O público da Cia do Latão é outro, o povão. Para 2009 está programado o espetáculo ' Ópera dos Vivos'. [Francisco Martins] Leia mais sobre a Cia do Latão em http://blog.companhiadolatao.com.br/ [ Entrada do teatro Hubert de Blanck, em Havana, onde a Companhia apresentou O Círculo de Giz Caucasiano nos dias 4, 5 e 6 de setembro].

Livro: Companhia do Latão
Editora Cosac NayfPáginas - 416 -R$ 45,00

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