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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Gestor público britânico defende criatividade na economia

John Newbigin dedica a carreira à economia criativa. Fundou e é CEO da Creative London, uma parceria público-privada que investe em negócios criativos e em tecnologia digital. 
John Newbigin\Divulgação

Na década de 1990, Newbigin foi assessor especial do ministro da Cultura e esteve envolvido nas primeiras políticas públicas britânicas de economia criativa. Ao longo de sua trajetória profissional, falou e escreveu extensivamente sobre o assunto. Em 6 de novembro, falará mais um pouco, durante palestra gratuita no MicBR.

Em entrevista ao portal do MicBR, Newbigin defende que a economia criativa, um dos setores que mais cresce – e mais rápido – na economia global, deveria ser central em todo país, não apenas por gerar empregos, mas por trazer soluções para relevantes questões existenciais do mundo. Ele conta que o Reino Unido pode ajudar a abrir oportunidades para jovens de comunidades marginalizadas, que têm talento e criatividade, mas não têm meios de seguir as carreiras que gostariam. Além disso, defende escolas que estimulem a criatividade, para que evitem preparar jovens para uma economia e uma sociedade que já não existe. "Propriedade intelectual está se tornando mais valiosa do que propriedade física", afirmou.

Você é o CEO da Creative England. Pode nos contar um pouco sobre essa experiência?

Na Inglaterra, o poder e a riqueza são sugados – em demasia – para Londres, então quando criamos a Creative London, dissemos que só trabalharíamos fora de Londres. Nosso mantra era "Talento está em toda parte, mas a oportunidade não" e foi exatamente isso que encontramos. Há pessoas talentosas com ideias incríveis em quase toda localidade, mas frequentemente elas não têm o dinheiro, o network e a confiança para colocar suas ideias em prática. Então, além de investir financeiramente, a gente conecta essas pessoas a mercados e a uma rede de contatos profissionais e tentamos dar a elas a confiança para sair para o mundo.
No Brasil, ainda estamos lutando para mostrar que a economia criativa é um setor de fato relevante. Você 

acha que no resto do mundo as pessoas já perceberam esta importância?

Não. É um processo lento, embora mais e mais países estejam acordando para essa nova realidade. Na China, um dos slogans do governo é "troque fabricado na China por desenvolvido na China". Eles entendem que é melhor ser a pessoa que tem as ideias e é dona das ideias do que a pessoa que fabrica os artigos. Se você comprar um Iphone, cerca de 60% do preço vai para a Apple, que o desenvolveu; apenas 6% vai para a companhia da China que de fato fabricou o aparelho. Propriedade intelectual está se tornando mais valiosa do que propriedade física.

O que acha de o Brasil ter um evento dedicado inteiramente à economia criativa?

Eu acho maravilhoso ter um evento de tão alto nível celebrando a criatividade e o potencial de uma economia criativa. Encoraja investidores, empreendedores, governo, acadêmicos – e talvez até políticos- a reconhecer que ela tem o potencial de ser um ativo gigantesco para o Brasil, para a América Latina e para o mundo. ( fonte: http://micbr.cultura.gov.br/ ). 

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