Após
20 anos estreia “Chatô, o Rei do Brasil”, Guilherme Fontes
supera maldições de sua produção e surpreende.

Marco Rica e Paulo Betti

O
filme, finalmente, apresenta-se ao julgamento público, assim como no
delírio televisivo de seu protagonista, o magnata da mídia Assis
Chateaubriand (Marco Ricca), ao ser lançado em circuito comercial
neste 19 de novembro, exatamente Dia da Bandeira, um símbolo
nacional que tem destaque em uma cena específica, ganhando amplos
significados.
Trata-se
da cinebiografia mais ousada do cinema nacional, não apenas em sua
estrutura, como também na forma como aborda seu retratado, mais como
demônio do que santo, porém, sobretudo como um visionário. A
antropofagia da primeira cena já prenuncia que o filme pretende
“devorar” não só a figura de Chateaubriand, em seus feitos,
desmandos, amores e desafetos, mas igualmente a imprensa, o próprio
Brasil e, por que não, a arte.
Ator
Guilherme Fontes resolveu se arriscar como realizador em uma
adaptação cinematográfica do livro homônimo de Fernando Morais,
escritor que já teve suas obras levadas à tela em “Olga” (2004)
e “Corações Sujos” (2011), respectivamente, de Jayme Monjardim
e Vicente Amorim.
Foram
captados 8,6 milhões de reais inicialmente, via leis de incentivo da
época. O ator e diretor
foi acusado na prestação de contas por não entregar o produto
final, sendo que todos esses processos em que a produção esteve
envolvida por mais de uma década, consequentemente, interromperam
sua finalização e levaram à dúvida se realmente existia um filme.
Em fim, valeu a espera, longa,
revela-se uma grata surpresa. Longe da perfeição, “Chatô...”
gera tanto impacto quanto certa admiração por arriscar-se.
(Francisco Martins).
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