Montagem 'Operação Trem-Bala' debate velhice em tom de comédia
Há alguns anos, o dramaturgo e diretor Naum Alves de Souza, 70, passou a pé por um ponto no centro de São Paulo onde estava habituado a cruzar uma praça.
Por conta de obras da prefeitura, o lugar havia desaparecido, atesta ele. "São Paulo está sempre em demolição", prossegue, referindo-se a uma sensação que percorre as páginas de nova peça, "Operação Trem-Bala", que entra em cartaz com sua direção amanhã no Instituto Cultural Capobianco.
O espetáculo é moldado a partir de um retrato da velhice, e a relação com São Paulo se estabelece principalmente na "sensação de delírio" de ver uma cidade sempre em transformação, prescindindo da preservação dos afetos moldados também na memória do espaço urbano.
O personagem central (Marco Antônio Pâmio) é um político já senil que, em sua loucura, quer inaugurar um projeto de trem-bala na cidade. Seus herdeiros aproveitam o pretexto para embarcá-lo em outra viagem, junto com sua mulher (Ana Andreatta), rumo a um asilo. "Embora triste", diz Naum, "a história é tratada em tom de comédia, com personagens grotescos". |
A opção por um protagonista poderoso (e rico) sustenta o atestado de que "velhice vem para todos."
Com "Operação Trem-Bala", Naum dá continuidade ainda a um tema comum em sua obra, o das relações familiares, já tratado, por exemplo, em "No Natal a Gente Vem te Buscar", de 1979, e "A Aurora da Minha Vida (1981).
Para plateia de 40 pessoas, com cadeiras de roda e andadores em cena,
o espetáculo tem direção musical do compositor Lívio Tragtenberg. (Gustavo Fioratti)
OPERAÇÃO TREM-BALA
QUANDO sex. e sáb., às 20h; dom., às 19h
ONDE Instituto Cultural Capobianco (r. Álvaro de Carvalho, 97, tel. 3255-8065)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
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