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segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Instituto do Ceará ganha acervo documental

Instituto do Ceará Muitos sabem das belezas naturais, do bom humor e da arte dos cearenses. Mas o legado e a importância histórica do estado ainda são temas pouco conhecidos entre os brasileiros.

O Instituto do Ceará, criado há 119 anos, de lá para cá, a organização conseguiu muitas vitórias. Cerca de 40 pessoas passam diariamente pelos corredores do casarão de estilo neoclássico em Fortaleza, onde funciona a sede do Instituto, para fazer pesquisas, estudar em uma das três bibliotecas e aprender mais sobre a cultura cearense.Na segunda-feira, a quinta mais antiga instituição do gênero no país comemora mais uma façanha: o término do projeto de organização do acervo documental do Instituto. ‘‘Foi um trabalho grandioso, que vai culminar na distribuição de 10 mil CD-ROMs para organizações culturais e bibliotecas universitárias do país’’, destaca o presidente da instituição, Eduardo Campos. Dividido em dois volumes, o material contém edições digitalizadas de 127 revistas editadas entre os anos de 1887 e 2005 pela instituição. Os 3 mil artigos feitos por sócios e estudiosos da região falam sobre assuntos históricos, antropológicos e geográficos do Ceará. ‘‘Considero que as publicações contém o supra sumo da história do estado. São aproximadamente 1 bilhão de palavras e 50 mil páginas que revelam toda a caminhada desse lugar tão rico’’, afirma Campos. O material também estará disponível na próxima semana na página do instituto na internet. ‘‘É uma maneira de tornar o conteúdo acessível às pessoas de todas as regiões do país. Mesmo assim, basta entrar em contato conosco que enviamos o material do CD ROM por correspondência para qualquer lugar do Brasil, sem custo algum’’, garante o presidente. O trabalho de digitalização das revistas foi feito em parceria com alunos do curso de história da Universidade Federal do Ceará. ‘‘Eles se apaixonaram pelo serviço. O sentimento de realização invadiu todos ao término da missão. É muito emocionante sentir que o nosso trabalho contribuiu para a perpetuação da história’’, diz Campos.Os estudantes também contribuíram para organização de 56 pastas com documentos do Barão de Studart, que permaneceram por 40 anos inacessíveis ao público. ‘‘Quando assumi a presidência do Instituto, em 2003, me deparei com esse importante acervo trancado em uma sala. Como o objetivo da nossa organização é aproximar a história do Ceará das pessoas, criei o projeto com a intenção de resgatar os documentos do Barão, um dos fundadores do Instituto’’, conta Campos. O Barão Guilherme Stuart era médico, historiador e vice-cônsul do estado do Ceará. Participou ativamente do movimento abolicionista do estado e dedicou-se à caridade e filantropia. ‘‘Tudo o que sabemos sobre a história é resultado dos esforços e do trabalho do Barão’’, afirma. Além do acervo de documentos, o material histórico conta com 5 mil cartas escritas pelo vice-cônsul.ResgateUm dos maiores estudiosos da história do Ceará, Capristano de Abreu também mereceu destaque no projeto de organização do acervo documental. Foram catalogados, por assunto, 1.200 livros e 800 cartas, a maior parte inédita. ‘‘O ponto alto do trabalho foi, sem dúvida, a ordenação, seleção e agendamento do material por assuntos, providência que torna mais fácil a localização dos temas de maior interesse’’, destaca Campos. Seis livros de ata da Província do Ceará, referentes aos séculos 18 e 19 foram fotografadas e armazenadas em CD, para uso nas bibliotecas do Instituto. O acervo estará disponível a partir do dia 15 de outubro. ‘‘São atas que relatam reuniões e podem nos acrescentar muito em conhecimento sobre o Ceará provincial’’, garante o presidente, responsável pela coordenação e desenvolvimento do projeto.Para ele, o trabalho feito no Ceará deve servir de exemplo aos outros estados. ‘‘A gente precisa valorizar o que temos de interessante na comunidade onde vivemos. É um trabalho de resgate, que pode ser usado como modelo para outras pessoas dispostas a colaborar para a perpetuação da história’’, afirma Campos, pela segunda vez presidente do Instituto Ceará. ‘‘Nosso empenho foi tão grande que, após a aprovação do projeto pelo Ministério da Cultura (Minc), terminamos o trabalho em 6 meses’’, conta. A disposição parece ser a grande amiga deste cearense de 83 anos. Apaixonado por leitura (garante que lê 3 livros por semana), Eduardo Campos trabalha com comunicação social desde 1944. Começou como locutor de rádio, foi presidente da Associação Cearense de Letras por 10 anos e o primeiro diretor de televisão do Ceará. Como escritor publicou 68 livros, entre romances, peças de teatro, ensaios, biografias, memórias e livros de folclore. Sua peça A rosa do Lagamar foi representada mais de 500 vezes. Orgulhoso do projeto de organização do acervo, Campos está ansioso para iniciar um novo trabalho: a instalação do Museu de História Barão de Studart. ‘‘Já conseguimos apoio financeiro. Agora, é só esperar a aprovação do Minc e colocar a mão na massa’’, diz o presidente.O projeto, feito pela cubana Lídia Sarmento Garcia, é de um museu iconográfico, onde o visitante pode interagir com o acervo. ‘‘Inaugurar o museu é o meu grande sonho. Será algo inovador e moderno, que vai agregar ainda mais valor ao Instituto’’, garante Campos.
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