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segunda-feira, 27 de março de 2006

Cabeça de Palocci pode rolar hoje

Visívelmente abalado pelas denuncias feitas pelo caseiro, ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, deverão cair hoje. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve ontem uma longa conversa reservada com Palocci, na Granja do Torto, e avaliou que o governo não pode continuar “sangrando em praça pública” por causa da crise provocada com a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, que teve sua vida devassada depois de desmentir Palocci. O ministro reiterou a Lula que não tem condições de permanecer enfraquecido no ministério Além disso, está emocionalmente abalado com o escândalo e quer preservar sua família. A única chance de Palocci sobreviver e continuar no cargo será se conseguir desvincular o Ministério da Fazenda da ordem dada a um funcionário da Caixa para quebrar o sigilo do caseiro. Essa possibilidade é considerada difícil, já que o jornalista Marcelo Netto, assessor especial do ministro, é apontado como suspeito pelo vazamento dos extratos de Nildo. Netto nega a acusação. O presidente convocou para hoje, às 15 horas, uma reunião com a coordenação política do governo, para avaliar a crise. O encontro ocorrerá logo depois que Lula voltar de Curitiba (PR), onde participa da abertura de uma conferência sobre biodiversidade. Mesmo com tudo isso, Lula gostaria de preservar Palocci. Considera que o comandante da economia é o último na linha de tiro antes de a oposição tentar atingi-lo pessoalmente. Mas a avaliação que será feita hoje no Planalto é até que ponto a permanência do ministro não está contaminando irremediavelmente o governo do ponto de vista ético. O caseiro acusou Palocci de freqüentar uma casa no Lago Sul que era alugada por lobistas da república de Ribeirão para fazer negócios escusos. O ministro nega ter ido à mansão. Há três dias, Palocci disse estar vivendo no “Inferno de Dante” ao falar na Câmara Americana de Comércio, em São Paulo. “Pelo visto, ele botou uma roupa de amianto desde sexta-feira”, resumiu um auxiliar de Lula.

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