
Ao longo dos seus trinta anos consecutivos de realização da Mostra, hoje dirigida por Renata de Almeida e Leon Cakoff [foto], o evento orgulha-se por suas contribuições pela circulação de idéias e a promoção da diversidade cultural em São Paulo e no país. O festival foi criado em 1977 pelo crítico de cinema Leon Cakoff para celebrar o 30o aniversário de fundação do Masp - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Nos sete anos em que a Mostra foi realizada pelo Departamento de Cinema do Masp, dirigido por Cakoff, muitos desafios de censura tiveram que ser superados, pois o país vivia sob ditadura militar. Somente em 1984, ao desligar-se do Masp, que a Mostra pôde desafiar a censura ao instaurar um processo contra a União pelos direitos de se apresentar os filmes selecionados diretamente ao público, sem censura prévia, como até então ocorria.
Apesar de ganhar o processo contra a União (vivia-se em 1984 o último ano da ditadura), a Mostra teve sua programação pública suspensa uma semana depois da sua 8a edição estar em curso. A Mostra ficou interrompida por quatro dias, tempo para os censores do Ministério da Justiça, então sob a chefia de Ibrahim Abi-Ackel, assistirem a todos os filmes da programação do festival. A violência ditatorial repercutiu negativamente em todo o mundo e criou-se um impasse já para a edição seguinte da Mostra, com o Brasil em processo de redemocratização e no fim do ciclo de ditadura militar.
Por sugestão da própria Mostra, o ministro da Justiça Fernando Lyra, assinou uma portaria livrando os festivais de cinema de censura prévia a partir de 1985. A medida de lei estendeu-se a todo o território brasileiro, passando a isentar de censura prévia também a outros festivais de cinema que haviam passivamente incorporado a censura prévia em seus regulamentos. Graças a esta batalha jurídica vencida, a 9a Mostra Internacional de Cinema foi realizada de 15 a 31 de outubro de 1985 sem censura prévia.
A primeira edição da Mostra Internacional de Cinema apresentou 16 longas-metragens e sete curtas (de 17 países), teve 40 sessões no Grande Auditório do Masp e inaugurou a modalidade do voto do público que nunca mais foi abandonada. Venceu então o Prêmio do Público “Lúcio Flávio, passageiro da Agonia”, de Hector Babenco. Já a programação da 29a Mostra BR de Cinema - Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ofereceu uma seleção composta por 359 longas e 62 curtas, totalizando 1159 sessões de cinema, espalhadas em 20 salas de exibição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário