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sábado, 20 de agosto de 2011

Licuri é redescoberto por pesquisa da Finep

Finep Compra de alimentos regionais para a merenda escolar levou pesquisadora baiana a desenvolver produtos com fruto do semiárido.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), com apoio da Finep, trouxe de volta ao cardápio um fruto nutritivo da biodiversidade brasileira: o licuri, que era visto como um alimento de baixo valor, consumido pela população do semiárido nordestino. Motivada pela notícia de que a pipoca seria usada na merenda escolar para valorizar os hábitos regionais, a professora Djane Santiago decidiu fazer algo pelo fruto que se confunde com a história de vida de muitos nordestinos de baixa renda. “Por que não incluir alguns produtos derivados deste filho legítimo da terra na merenda da molecada?”, questionou-se Djane, coordenadora de Inovação Tecnológica do IFBA, em 2003.

O empenho lhe rendeu o Prêmio Finep 2010 (NE), na categoria Tecnologia Social, e um apoio de R$ 1,3 milhão para continuar a desenvolver alimentos como compota, sorvete, geleia, iogurte, cocada, licor e barra de cereal, que hoje fazem parte da merenda. E também ofereceu uma alternativa de renda aos agricultores familiares do semiárido com uma planta nativa da região e, portanto, perfeita para o convívio com a seca.
Do alto dos quase dez metros da Syagrus coronata, conhecida como palmeira solitária, pendem até oito cachos com cerca de 1.400 licuris. As pequenas nozes de cerca de dois centímetros têm gosto semelhante ao coco, mas é um pouco mais gordurosa. A polpa amarela, rica em cálcio, magnésio e betacaroteno, pode ser beneficiada ou não. Já a amêndoa contém cálcio, magnésio, cobre, zinco, ferro e selênio. Além da Bahia, o pequeno coco é nativo do norte de Minas Gerais, Alagoas e Pernambuco.

Inclusão social – Também conhecido como ouricuri, alicuri e nicuri, estima-se que o licuri participe da economia de mais de mil famílias apenas no município de Caldeirão Grande (pouco mais de 13 mil habitantes), as primeiras a industriar os produtos desenvolvidos no IFBA. Esses agricultores, ao descobrirem os estudos da professora Djane, passaram a usar as técnicas de beneficiamento. Assim, o que era um projeto de análise química do fruto se tornou uma alternativa de renda. Com R$ 160 mil financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a cooperativa local comprou o maquinário para melhorar o aproveitamento do fruto.

Com 5% de acidez, o óleo de licuri é de fácil absorção pela pele o que o torna um produto interessante para cosméticos. Quatro patentes já foram depositadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) via IFBA e há uma corrida para nacionalizar o conhecimento. Há, por exemplo, a concorrência de uma marca francesa de cosméticos que entrou com 20 pedidos para patentear produtos derivados do óleo e da cera.

E a fibra da palmeira está sendo usada a partir da experiência de Enedina Silva, umas das líderes da cooperativa e artesã. Desde menina, ela inventa bolsas, chapéus e, atualmente, produz capas para notebook.

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