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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Valério Vieira: excêntrico e pioneiro



Em 1905 fez sua primeira experiência com fotomontagem, uma grande tela panorâmica de São Paulo, 11m por 1,43m, sem emendas. Mas sempre relegou a segundo plano a catalogação e o próprio acervo, o painel foi mais uma perda.

Fotógrafo, pianista, artista plástico e compositor Valério Octaviano Rodrigues Vieira era um excêntrico e um tanto exibido. Mas, por méritos comprovados foi comendador em Portugal e comendador da coroa italiana. Ele viveu intensamente sua época, principalmente como fotógrafo. Nascido em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1862, filho de fazendeiros de café. No ano de 1875 deixou a cidade e foi para a capital carioca morar com Pedro Delfino, seu irmão que era médico na corte imperial. Pelo seu estilo largado verbalmente, Valério foi aceito somente como aluno ouvinte da Academia Imperial de Belas Artes. Mas, foi Ferreira Guimarães, sua influência em todo sua vida, para quem trabalhou como auxiliar de ateliê. Foi quem lançou em São Paulo a moda dos retratos de formatura, que algum tempo depois se tornaria tradicional entre os bacharéis da Faculdade do Largo de São Francisco, e que se estenderia por todas as outras instituições no país.

Personalidades / histórias
Seu estúdio era freqüentado por grandes políticos da época como por exemplo Rodolfo Miranda, Lins de Vasconcelos, Carlos de Campo e Cardoso de Almeida. Seus cenários quase que mutante, era recriado a toda hora e isso ultrapassava os limites da fotografia. Essa característica excêntrica do artista o deixou rico. Todo mundo queria ser fotoagrafado por ele. Algumas passagem são bizarras em sua carreira. Contam que certa vez um homem passava em frente ao seu estúdio e ficou frente-a-frente com uma foto de sua mulher de mãos dadas com um estranho. O homem teria entrado furioso no ateliê fotográfico exigindo explicações do fotógrafo. Tinha uma grande vocação para o fotojornalismo. Durante um incêndio, Valério Vieira, saiu correndo atrás do caminhão do Corpo de Bombeiros, sua outra inclinação profissional. Ao contrário de Marc Ferrez e Militão Azevedo, Valério tinha uma estratégia de marketing comercial bem desenvolvido. Quando fotografou a inauguração da Estação da Luz, centro de São Paulo, ampliou o negativo e colocou na porta de seu estúdio como forma de publicidade.

Pioneirismo
Entre os anos 1890 e 1893 ele mudou-se para Ouro Preto, Minas Gerais, onde trabalhou como fotógrafo e pintor. Abolicionista convicto, deu nome ao primeiro filho de José do Patrocínio. Em Ouro Preto se tornou amigo e parceiro do músico, pintor e dramaturgo Emílio Rouéde. Em 1894 muda-se para São Paulo onde mantinha estúdio e residência na Rua XV de Novembro, 19, centro de São Paulo. Era uma época que a fotografia estava em alta junto à sociedade paulistana. Com suas constantes inovações de cenários ficou rico e viajou para vários países da Europa. Daí sua comenda da Cavaglieri della Corona, recebida em 1906, dada pelo governo italiano por sua contribuição aos oriundos daquele país em São Paulo. Em 1904 ele criaria a fotomontagem com o painel ’Os 30 Valérios’, seu festejado trabalho representado em uma sala onde se via imagens de músicos, garçons e espectadores, todos tem a mesma cara, a cara de Valério Vieira.
Em 1905 fez sua primeira grande tela panorâmica de São Paulo, 11m por 1,43m, sem emendas. A foto foi exposta no Salão Progredior - salão de exposição mantida pelo restaurante de mesmo nome -, por descaso do fotógrafo, assim como grande parte do seu acervo, essa tela também perdeu-se. Em 1919, a prefeitura encomendou-lhe um painel como parte das comemorações da independência, em 1922. O painel de 360 graus está a salvo e foi restaurado pela Kodak em 1999 quando de uma retrospectiva sobre o fotógrafo. O artista faleceu em São Paulo, em 1941.

2 comentários:

Unknown disse...

Excelente Foto Achei Muito Legal

Unknown disse...

Excelente Foto Achei Muito Legal